sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Se

Não que ela não fosse interessante, era demais até, não era bonita claramente, mas o que importava é que possuía um tipo de beleza cheia de gosto, beleza a ser descoberta. Sim, ela era um continente a ser explorado, um sítio arqueológico imenso...

Não que ele não fosse um homem a quem qualquer mulher olharia duas vezes. Olhavam sim, elas olhavam inúmeras vezes. Mas eram olhares de pesquisa. Não que ele fosse um homem sem atrativos, era um homem como cabe a um homem quase belo ser, desprovido da ilusão dos artefatos, que não acredita na facilidade. No rosto dele, a cada novo olhar, ela percebe um detalhe que antes não havia, e nos repetidos encontros ele se transforma, a cada vez um novo homem, simples, e este detalhe lhe caia bem, ausência de vaidade, como um homem deveria ser...

Não que ela fosse a mulher da vida dele, não era, e ele soube desde sempre, e nunca quisera se enganar a respeito deste real sentimento: a certeza do que não é para acontecer. Mas porque ela era interessante - e apesar de ter conhecido muitas outras mulheres a sentia diferente - desde o primeiro minuto a quis da forma como um homem pode querer uma mulher: sem muita explicação. E porque, e afinal, ela gostasse de dirigir à noite, enquanto ouvia uma música triste no rádio, e comesse algodão doce deixando o açucar lhe sujar a boca, e gostasse de gargalhar das piadas mais suspeitas e de se embebedar enquanto pensava sobre seus próprios pensamentos e porque, e afinal, ela fosse esquisitinha, ele muito gostava dessas facetas.

Não que ele fosse másculo, e forte, e corpulento, não era, era natural, felino e monossilábico ao comprimir levemente os olhos como se estudasse o momento de encantar, e porque ele era míope ao usar o óculos este se misturava ao rosto cheio de ângulos, e como se adivinhasse o resultado exótico, aproveitava o artifício como uma beleza conquistada, adquirida. E embora soubesse que ele não era o homem da sua vida, ele possuia uma consciência de cada movimento, ou seja, ela sabia que ele era o homem para o momento...

Não que fosse uma grande paixão, não, ele não faria loucuras, nem teria atitudes extremas, mas era só dela este jeito de pressionar sua nuca e ao mesmo tempo sorrir enquanto repentinamente se calava e se abstraia de qualquer assunto, e no absoluto silêncio sabia como falar as coisas mais importantes para que o mundo se tornasse infinito e pequeno ao mesmo tempo, o mundo era aquela mão na sua nuca, aquela mão que nem era tão bonita, era comum - ele diria, extremamente comum, apenas aquela mão na sua nuca...

Não que ele fosse um homem inteligente, era mediano, inteligente sim, em mínimas coisas, mas não acerca das situações do pensamento, vivia a realidade sem fantasia, e ainda que não fosse brilhante tinha momentos seus. Ela sabia que esta genial simplicidade o fazia ser alguém e que acima de qualquer filosofia havia aquele nariz meio quebrado, adunco, formando uma curva acentuada no rosto dele...

Não é porque ela fosse diferente, era o silêncio que vinha dela, pausa onde existia um discurso não revelado, eram as palavras caladas que o faziam voltar a olhá-la, era exatamente o que ela não dizia o que de verdade importava para ele, e então quando a deixava depois de cada encontro, quando já estava sozinho, dentro dele soava a silenciosa novidade que ela não havia contado...

E não era porque ela não soubesse sobre as variadas formas de amor, e carregasse a certeza de que jamais o amaria, mesmo assim ela o queria, por todo o paradoxo, e porque afinal não houvessem motivos para não querê-lo, ela o quis, sim, com a naturalidade da falta de mistério, e porque ele fosse de uma clareza entediante - para quem as coisas existem sem meio termo e para quem todas as coisas são nomeadas - e porque para ele a vida existisse sem as metáforas - por isso e apesar disso ela o queria...

E não é porque eles não soubessem que tudo termina e que a perfeição mora em uma casa sem chaves e, ao prever que seria por pouco tempo foram capazes, e somente porque eles sabiam que a impossibilidade é possível...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Da Poesia

Da Poesia I

Uma explicação que provavelmente também se tornará meu próximo assunto...
Ah, manias...de sentir, mania de escrever, de tentar fazer poesia!!!!???
Sei lá como se chama o que tenho escrito nas últimas semanas: texto, prosa, lirismos.

E o Soneto?

Acesso de riso à mais leve menção desta palavra - que escrevo com letra maiúscula - sinônimo de auto flagelo. Minha vida é persegui-lo, pois muito tenho feito em busca do sabor de um soneto. Modo meu de viver a poesia e a vida com olhos de poeta, o que não faz da minha pessoa, absolutamente - ou minimamente – algo próximo a um poeta.

Poesia. Vício que me fere, nave interplanetária, afrodisíaco e remédio para todas as dores. Sofro deste problema: paixão e poesia, tudo ao mesmo tempo, e devo dizer - é incurável, estou pior a cada dia, abusada e sem medida. Não sei como fazer, mas faço, sem pretensões eu tento, um pouco de poesia.

Da Poesia II

Um dia falei para alguém muito intelectual que o problema com a poesia era que “todo mundo” em algum momento da vida - em geral vivendo uma grande dor, de um grande amor sofrendo - se arvorou em ser poeta. Fosse no diário da adolescência ou em cartas de amor ridículas - o sentimento do poeta que gostaríamos de ser vinha à tona para nos dar coragem de conquistar, para nos fazer inspirados e confiantes no poder de seduzir. Não fujo à responsabilidade de ter usado deste artifício e pasmem, que os anos dourados da primeira juventude há muito me deixaram, no entanto, continuo igual. Como disse e repito, viciei, agora já era, estou até o pescoço, e não quero que nada mude, quero escrever alguma coisa que preste, que valha uma passada de olhos, um pacote de amendoim, uma risada canastrona.

Quanto ao episódio do homemenzinho intelectual, que me foi apresentado pela surpreendente amiga Cris Braga, terei que revelar: era um escritor finalizando seu livro. O elemento trajava blazer azul-marinho, falava gravemente e, entre um pigarro e outro que usava como ponto e vírgula, conversamos sobre poesia. Estávamos no escurinho do Tablado e eu, em silêncio, a ouví-lo. O que exatamente conversamos não lembro, falava de política – era um expert – e para resumir, um chato, mas não por culpa da política.

Antes de começar - um lembrete: já disse por aqui que tenho uma marca de nascença, a timidez, esse jeitinho esquisito que provoca reações inesperadas em mim -e nos outros mais ainda. Digo isso porque minha timidez é do tipo reativa e ocorre que na compulsão de não sê-lo, na vontade desesperada de não cair no vácuo, sou capaz de respostas inapropriadas aos estímulos externos. Faço ironias que só a mim completam, só ao meu humor têm sentido. Embalada no álcool, ou a seco, trafego do extremo silêncio ao comentário aguado, da concordância mansa, ao discordar digno das bancas advocatícias. Sou caso a ser estudado. Tropeço nos tapetes das festas, cumprimento desconhecidos com intimidade e desvio os olhos de quem gostaria muitíssimo de encarar - em todos os sentidos. Sou caso perdido.

Voltando ao Sr. Intelecto Enjoado eu estava tranqüila e sem assunto quando o desavisado doutor sabe-tudo, veio com o papo: Poesia. Instigada a falar sobre o tema, minha paixão e minha timidez se misturaram de forma bombástica. Confidenciei a ele, com a voz já em sobressalto, que a poesia como gênero, na minha opinião, era um prazer destinado a poucos, pois poetas, poetas de verdade, podíamos contar nos dedos e me recusava a citar nomes dos famosos falsos poetas que andam por aí...
Cabe aqui ressaltar, que a antipatia pelo recém apresentado foi ingrediente decisivo para a total falta de tato.

- Amigo, disse eu, poetas são poucos, agora vou lhe dizer que existem uns palhaços, sem a menor noção, que se dizem poetas, esses camaradas deveriam ter vergonha, uma gente que não se enxerga. Eu não me permito dizer que faço poesia porque sei o que escrevo. Posso amar a poesia e até me sentir poeta, mas poesia mesmo, que valha a pena, tem uma grande diferença, uma longa distância. A pessoa tem que entender o quanto é difícil, difícil demais. É preciso muita cara de pau para dizer: faço poesia, coisa que não me atrevo!

O mais tenebroso silêncio tomou conta de nós, a peça começou e no intervalo ele foi embora, não sem antes me pedir que desse uma olhada, e uma opinião sincera, sobre as poesias dele, faltava pouco para a edição, apesar do livro ser sobre política.

E assim foi que nós nunca mais nos encontramos.

domingo, 16 de setembro de 2007

Atrevimento Poético

Atrevimento Poético

- Deixa, deixa, a voz me diz...

É a vontade de ser poeta, espécie de loucura inofensiva. E mesmo sabendo das dificuldades, não resisto. É mais forte do que eu! Peço perdão por tal ousadia mais poderosa que a razão. Como já afirmei antes, ser poeta não é para qualquer um, é a pura arte de construir uma estética na forma e na emoção.

É que a vontade de ser poeta me assola, me faz perder o critério. A poesia é vício que se mistura com a minha vontade de ser feliz escrevendo algo que preste. Então confesso, perco a frieza, não consigo retornar ao bom senso da auto crítica, me abandonou a razão sim, e se dela eu guardasse uma gota sequer, esta tentativa de tercetos e quartetos não teria me dominado.

Estou absolutamente vestida, coberta pelo puro linho de uma paixão, a paixão que nos faz cegos, e pior do que cegos, tolos - e muito pior do que tolos - crentes, e mil vezes pior, nos faz incrivelmente fortes sem nenhuma proteção. E por aí vai. Perdoem-me este atrevimento poético que me transforma em um herói. Eu trago meu corpo envolto nesta armadura de linho, tecido de palavras, palavras para tocar, sentir entre as mãos e, assim, assim, eu não escrevo, vou pousando palavras sobre você, próximo ao seu ouvido, no côncavo dos seus ombros,em seu umbigo, e por onde passas eu estendo tapetes.

Sou dependente.
Preciso do olhar enviesado, o ângulo oposto, ficar de cabeça para baixo, quase embriagado, preciso estar do avesso, mas porque a vida parece difícil - e querer a violenta emoção - no real e no presente - se torna perigoso, deixo passar. Ora, porque girar o botão da intensidade me é trabalhoso, e pode ser um erro difícil de tolerar, deixo passar.
Preciso de poesia.

Estou aqui, e sou esta confusão, o emaranhado sob a transparência da roupa, e porque me sinta divinamente protegido, alegre, ansioso, e livre, já não me importo em ser frágil, pois é o que tenho a oferecer, o meu mais obscuro desejo. O meu mais obscuro desejo.

Busco a poesia, repleta do óbvio e da surpresa.
Vou me cobrir com o linho e estarei protegida através da minha evidente nudez. Já não temo a incógnita, e me entristeço só um pouco, e se ás vezes tenho amargos na boca, não há o que fazer, é o labirinto.

Eu paro, me deito pelo caminho, existem paredes, estou sozinha, mas há para mim, ao meu alcance, este céu abarrotado de estrelas.
Então, vou comer uma estrela, e seguir aquela bússola doida que me convence a escrever mais um soneto.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Gossip Live, True Life

Ouvi dizer que aquela pessoa, que você sabe quem, fez aquilo, no ano passado, faltava uma semana para o final de Junho , o Flamengo empatou com o Vasco e foi neste fim de semana que tudo aconteceu, quando o juiz não marcou o pênalti...

Não, não, não...não ouça o que o fulano diz, ele não sabe de nada, não tem erro o que estou te contando, porque tenho intimidade com a tal, que estava junto quando tudo aconteceu e a pessoa - que você sabe quem - me contou, muito minha amiga, nem foi assim como dizem, com tamanha intensidade, o povo não sabe nada desta novela, que conheço a fundo, acompanhei.
Naquele inverno, a gente viajou junto, e rolou um vinho, o frio, vinhos, vinhos, lareira, sabe como é, vida e morte de Lady Di, documentário na Tv, e a agitada vida sentimental alheia sendo discutida por nós, diversos detalhes para comentar, sobre o gosto e a preferência dos outros - e bordados que é melhor ocultar - gafes, excentricidades. A trabalhosa ocupação da falta de assunto. Bem, falamos da nossa vida também, mas pouco,muito pouco.

Porque ela é discreta, muito discreta, discretíssima, não gosta de falar do assunto, mas eu percebi, percebi tudo, nada me escapa, tenho o olho clínico. Não sei o que falam por aí mas tudo aconteceu mais ou menos assim, não vou te dar os detalhes, porque seria anti-ético da minha parte, sabe como é, eu prezo esta amizade, mas se você quiser posso te contar alguma coisa só para o seu conhecimento, para não ficar desprevenido, a título de aconselhamento. Vai devagar, vai devagar, já dizia minha mãe, porque devagar se vai longe...e esta história foi além do esperado, isso foi...como eu sei? Oras, como eu sei, já não te falei que sou íntima dela? E também porque as pessoas falam, a gente deduz, calcula, e a coisa cresceu, foi assim mesmo, não ia ter esta proporção se fosse tudo tão inventado, então, é o que se supõem. Eu sei, com certeza, teve quem gostou e teve quem não gostasse, mas tudo que falo confirmo, mas é quase certo que sim, porque a prima de uma das partes, que também é minha amiga, almoçou com um ex-caso desta pessoa que a gente acha que está envolvido na história, e revelou os detalhes do acontecido.

Então, não tem como estar errado, todo boato nasce de uma língua ferina, uma mentira, uma lente de aumento talvez, tudo bem, mas se todo boato tem um fundo de verdade, a verdade tem várias línguas, toda verdade é relativa, e depende do referencial, já comprovou a Física. E de fato se tudo aconteceu como imagino, tudo acaba sendo quase como disseram, e a pessoa que não vou revelar o nome - você sabe quem - e já notou o jeito, ali não tem como não ser como falaram que foi, muita música, muito riso, quem pode, quem agüenta, concorda? Dou razão, apoio, se foi bom ninguém pode dizer, o depois é um mistério, ela entrou em silêncio, não comenta, faz a linha educada, mas a gente que sabe das coisas, tem experiência, e consegue ver mais além.

E no fim tudo é uma grande brincadeira, a verdade tem várias bocas e opiniões...o mundo passa a ter direito autoral sobre a história enquanto a realidade vai sendo esquecida. A realidade - a verdade que ninguém se interessou em saber - só existe dentro de um alguém que nem mesmo merece o crédito.

Como foi, porque foi, quem sentiu, o que restou...
Nada importa quando a vida é uma ciranda de risos, "gossip live, true life" onde mais poderoso que a física, só o boato.
Outro dia me perguntaram: - Quer ouvir uma fofoca engraçada?
- Não, estou sem fome. Obrigada.

domingo, 9 de setembro de 2007

Oito Anos

Oito Anos


Quero me lembrar dos meus oito anos. Quero me transportar para aqueles olhos, para aquele tempo, para aquela consciência de alquimista que só se pode ter aos oito anos. Quando ainda estão por vir os vícios, os assombros, as mágoas que não se retocam. Quero os meus oito anos, um sentido, longe dos arrebatamentos, longe das encruzilhadas, da fúria que há de vir. Saudade tenho daquele tempo que foi tão pouco, tão leve, qualquer idade anterior aos meus oito anos. O que restou daquela bolsa d’água que me alimentava? O que foi feito daquela crença , daquela verdade? O que eu fiz da certeza de ser completo como um anjo de Deus?

Hoje me parece bastante difícil alcançar quem eu era, mas eu era enfim, um anjo bastante fiel, e me agrada pensar que talvez eu ainda esteja sublime como antes. Antes do mundo, antes do conhecimento que se fez necessário, e bem antes das descobertas acidentais. Sim, eu fui um anjo. Um anjo alquimista. Alguém é capaz de entender esta imensidão? E se me perguntarem porque somente aos oito anos se pode ser, experimentar a vida como um alquimista em devaneio, responderei com a voz em contrabaixo - responderei quase mostrando o óbvio, mal escondido entre a poeira e o pó grosso: - É preciso acreditar. Acreditar que o importante não é a vida em si, a mecânica, o fato ou a tragédia. O que vale é saber que a verdade está na infância, naquele tempo em que o mundo é todo seu.

Guardo as relíquias dos primeiros anos. Aquele cheiro da vida, fragrância doce quase impercebida de um jardim farto de sol, calor morno, flores, e zumbidos. Tento resgatar o que existia e ao qual já não consigo nomear. Quero voltar à paz daquele tempo onde tudo respira e é genuíno. Quero abrir os olhos sendo a vida despertando, e deitar os dias a fruir, somente a olhar quem eu amo.
Não tenho asas, não sou anjo, mas um grande amor pelo mundo senti aos oito anos.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Quem tem medo do Afeto?

Afeto. Palavra feita para viver. Viver a palavra, comer a palavra com recheio. Recheio doce na medida certa, sem enjoar. É proximidade e conforto. Palavra que só existe quando exercida. O afeto precisa de nós, é matéria viva nas atitudes. Ele está nos pequenos gestos - não é apaixonado e nem pede revoluções - ele grita por compaixão, empatia, calor. Para a maioria das pessoas pode ser complicado pois o afeto é de uma simplicidade difícil de alcançar. Em geral, no rol dos sentimentos, o seu momento de existir costuma passar despercebido - ou é tão fugaz que não damos conta de aproveitar. Pronto. Agora, em algum lugar dentro de nós podemos senti-lo, e como um diamante que nos machuca, fica por lá, a pontada aguda do afeto cristalizado.

E porque não precise de grandes manifestações e rompantes se mistura em gestos  estranhos. Existe o afeto cobrador, que espera para receber de volta e dar o troco.  Tem  um tipo de afeto que quer existir mas não sabe de que modo. Entre tapas e  sarcasmo, fica gozador e descomprometido. É o sentimento na contramão, oculto e fraco, que ainda não descobriu o poder da gentileza. Usa a metáfora da violência porque não sabe como ser humilde, tem pavor da doçura e se sente nu vestido pela delicadeza. 

Sim, ele se sente nu e não sabe desfrutar deste prazer. Ainda não descobriu que o afeto, o afeto de verdade, precisa da nudez. Deve ser como uma erva milagrosa, um remédio para expandir a alma. E expandir o tempo que se mede por aquilo que fizemos das nossas emoções. O afeto faz do tempo um calendário de gestos, o tempo contado pelo imaterial, pela vida construída de pequenas sensações.
Não quero a passagem das horas mas as transformações. O afeto é um delírio.

Estou a criar, a inventar este tempo que me deixa mais forte, a permitir que ele tome conta de mim. O tempo que não me envelhece, e nunca é em vão, porque está carregado da imensa fragilidade chamada afeto.