quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Na praia Sem Jabuticabas


porque você não liga, porque você não vem, porque você não gosta, porque tanta pergunta
porque a vida muda - de uma hora para a outra - o ar sufoca
e não há resposta se tudo é simplesmente?

porque o coração confessa mentiras que não suporta
porque eu tenho medo de você ter medo,
daquele medo que você não falou?

porque eu fico triste
de repente fico timida
se a tristeza no fim é companheira
[e ficar triste eu sei, não sei
porque você não chama quando a noite vem?

porque quero respostas
porque não me conformo
falo, guardo e transbordo
enquanto ainda espero
porque tanta palavra misturada no silêncio
porque você não volta
porque você não gosta?

ainda estou na praia
[a tristeza ao meu lado, o balde

comendo a dor com gosto de jabuticaba...


domingo, 25 de janeiro de 2009

Jabuticabas na Praia

...saber morrer para saber viver. Esta frase é minha. Entendo. Sou eu. Eu que me lembro da varias mortes em vida. E as vidas vividas de diferentes formas. Eu que me lembro de cada uma delas com um gosto próprio. A morte do meu pai. E eu de novo nascia. São as mudanças de estado. Naquela hora tão morta tive de nascer de novo. Como agora quando só me restam guimbas de cigarro no cinzeiro e uma dor de pedra indizível a ser digerida.

...é hora de nascer de novo. Saber morrer é uma arte que aprendo a cada dia.
Saber morrer para se viver com vontade. Saber morrer todas as mortes em vida para que a vida seja inteira e volte como um filhote fresco. É isso que faço agora quando escrevo e penso que até as palavras desconheço. Para o que sinto não estou encontrando poesia...

...agpra, neste momento em que nem mesmo sei o que escrevo, penso que há apenas um balde de jabuticabas a ser devorado. Eu que amo jabuticabas mas não quero mais amar nada, nem jabuticabas. Então é preciso devorá-las até perder-se para o paladar, enjoar. Quem inventou isso não foi eu, esta sabedoria que ainda não tenho, não tenho nenhuma, eu que ainda não morri tantas vezes, estou no começo e não acostumei com o desapego. Esta idéia simples é do Zorba, Zorba o grego...

...Vou parar agora, estou confusa, sem saber ao certo o que quero dizer - ou o que estou sentindo...


...Tenho cinco anos e acabo de me perder em uma praia cheia, as barracas parecem iguais e não consigo destinguir o ponto certo e seguro para voltar. Estou paralisada e não sei o que fazer porque os minutos são uma eternidade e me sinto cansada de procurar. Procurar. Procurar o ponto certo e seguro, as cores e as pessoas parecem iguais - nada familiar - quero o pedaço de areia onde me reconheço. Não contava com a correnteza, me distraí, mesmo sem querer me arriscar. Nesta hora tenho vontade de chorar, sentar na areia - onde a onda me molha os pés - cobrir o rosto e chorar, até que tudo melhore. Até que alguém me encontre...

Nestas horas eu sei que a única felicidade que compreendo está na literatura.