segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Daquilo que não sei

A noite não cabe na nossa cama
onde o tempo fica suspenso como a neblina,
que vejo envolver a madrugada
em volta da nossa cama
onde a noite não cabe e não existe
como a cama onde o corpo não está

O alvorecer chega manso e avança

                                             úmido e lento
sobre as bordas da nossa cama
onde a noite não cabe, onde tempo dilui
                                            afunila, no aqui e agora

As horas do dia não cabem na nossa cama
nem o sol a pino, 

                                            tampouco o temporal e os raios
e todos aqueles significados que um dia
se fizeram imprescindíveis entender
quando o tempo invade e se derrama preguiçoso
por este rio que a nossa cama atravessa
                                             caudaloso


O teu corpo não cabe na nossa cama
ali e por tudo em volta
ficou um cheiro, ficou um gesto, um riso de afeto inesperado
surpresa que se descobre dentro do mistérioso acaso,

que no fim não foi tão por acaso assim,
o universo que cabe na nossa cama

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Teorias

ao acaso,

na madrugada
minhas pernas encontraram
as tuas,
na madrugada
doce e salgada
ao acaso,
meu corpo quente
esbarrou no frio
do teu
meio nu, meio coberto
choque termoelétrico
enquanto a alvorada nasce
suspira
ao acaso,
ao acaso
ao acaso