quinta-feira, 7 de maio de 2009

Chá Com a Vilma






Dominicalmente, o jogo de futebol segue, enquanto sem paciência para a rotina da televisão, assisto ao filme do Pasolini, que potencializa meu humor soturno.
Escrevo a desejar que logo escureça o dia sem as cenas do proximo capitulo. Não tenho motivos nem para falar. Minha vontade fugiu e deixou outro alguém no meu lugar.
Não vou forçar a vida. Não vou forçar o sentimento.
Vou tomar chá com a Vilma e explicar à ela certas descobertas.
Poda. Espera. Floração.
A paciência faz parte do meu caráter.
Sou do tipo que tem convicções de emoção, não sirvo de paradigma social.
A não-reação guarda a dignidade.
Sem arroubos, rasgos, lágrimas.
Risos, não mais como antes;
Histórias, não mais as minhs;
Amor, não mais aquele;
Hoje já é quarta-feira e dominicalmente o jogo de futebol segue.
Vou tomar chá com a Vilma e explicar à ela tudo que aprendi sobre o ponto e vírgula;

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Os Deuses do Teatro ou Pequenas Orações sem Nenhuma Edição







Sento na poltrona, me ajeito, respiro. As luzes se apagam. Começa a peça. Começa a vida.
Dentro do teatro, no escuro do teatro, me recomponho. Tudo dentro de mim se reorganiza e desorganiza e encontra ordem.
O cinema. O cinema também adoro. Mas o cinema é sonho. O teatro é necessidade, é cura. É norte. É a compreensão do caos. Eu saio do caos dentro do teatro. No teatro não há mentira. Já entendi minha vida, muitas e muitas vezes dentro de um teatro. Lá onde os Deuses vivem, repousam. E não há jogos.
Quem acha que a existência se acomoda na poltrona está em outra perspectiva, ainda está cego. No teatro não há representação, não há paredes, não há máscaras.
As máscaras teatrais são vivas. Enquanto na feira da realidade distribuimos a nossa mais sincera persona. A caricatura de nós está além das portas do teatro. O ator canastrão atua fora dos palcos.
A vida está no teatro, a vida está onde tudo é real. Ainda que pensem o inverso.
No escuro, no silêncio antes do inicio, na primeira luz, na primeira voz, na palavra, no gesto: os Deuses estão presentes soprando a vida. O homem será mostrado. Ali, onde todas as coisas são ditas. E assim deve ser, na vida. O ator genuíno nos mostra o espelho patético, o avesso, a costura por dentro, não consegue ser um mentiroso. Porque ele precisa da verdade das coisas por dizer. Porque ele não recita, vive. Simplesmente.
O ator é a voz de Deus. Deus está ali na poeira que levanta com a luz, está na cortina, na mágica da expressão do que é humano. Ali, misturado à poeira o belo, o ruim, o perverso e estranho devem ser assumidos. O humano é exposto em território livre. No templo sem dogmas. Onde as coisas todas somos nós, onde as palavra, o gesto e a imperceptivel pausa preenchem todos os espaços, intoxicam o ar que iremos respirar.
É o limite sem limite de possibilidades.
O Teatro está revestido desta energia que nós expoe, por dentro, por fora, no inteiro e no resto, na confusão e na clareza. É um oráculo, um olho sem fronteiras, caminho para a legitimidade da existência.
Dentro do teatro, no escuro do teatro, tudo em nós é divino e humano. Em volta de uma platéia ou totalmente sozinhos, afundados na cadeira, somos pequenos e grandiosos, somos deuses vivos.
O Teatro nos redime, nos perdoa de nós, por nós.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Quando Não Somos Nós







Outro dia sonhei um sonho, desses sonhos de realidade superlativa.
Sonhava que você não era quem você é e nem mesmo eu me reconhecia.
Ao te encontrar tive uma emoção estranha, um desgosto.
E o sonho era isso: uma angústia comigo e com você dentro.
No sonho senti uma dor de cabeça,havia uma alegria fútil nos seus olhos e em mim uma tristeza Oculta que me fazia mal.
Mas depois achei normal já que eu não era eu,você não era você.