domingo, 1 de agosto de 2010

Outono Etílico

Tem um sol lá fora, além da minha janela
E tem o calor ameno do outono, com uma esperança
E um perfume,
Que antes eu não sentia,
Que veio na madrugada, na madrugada overtouching

Na madrugada quase fria, na escuridão da noite entorpecente
Traz o azul escuro porta adentro
A embriaguez de um momento
A lucidez da penumbra dentro de nós,
A falta de palavras

No entanto
O amanhecer é a garantia da vida
Para o dia que começa
e de novo
e de novo
mais uma vez
e sempre
O sol está lá fora, além da minha janela
O calor do outono e a claridade que vou colher
Aos baldes, aos gomos, aos goles
Ávida e consciente
Da paisagem que os meus olhos precisam

E na madrugada fria, na noite azul escura
Do outono etílico
Não quero mais o vinho
Eu quero a alvorada, a claridade única
Eu quero ter um desejo e beber sem medo
Às cinco horas da manhã,
Naquela hora em que o mundo nasce
Sublime, destemido, overtouching
Eu vou beber por inteiro a sua embriaguez