terça-feira, 8 de novembro de 2011

Prólogo Clichê

E coisa alguma que você dissesse poderia me tirar daquele estado de mudez, de confusão mental. E nem era confusão propriamente, é um outro estado de sentir. Quando você avisou  para nao acreditar em nada porque mentir era apenas um dos seus vicios, eu ri. Eu nao sei lidar com outras pessoas, eu nao sei evoluir neste tipo de assunto, eu nao sei mentir, nem mesmo fingir que estou mentindo. Do que exatamente estamos falando? Eu estou conversando com alguém que gosta de sexo e ficção entre outras coisas, por mim tudo bem, respondi, vamos ver o quanto você aguenta. Eu vou viver esta vida, eu vou fazer o meu personagem, eu vou entrar na sua vida sem você saber, é assim que vai ser a mentira, maior que a melhor das verdades. E você disse: meus outros vicios também me definem, não há qualidades aqui. Eu achei interessante, porque meus vicios também são minhas qualidades, mas não vou explicar. Eu só quero uma coisa de você. Você. Vem prá cá, eu digo.

Eu penso no vazio que estou sentindo agora, e olho bem para o seu rosto, para entender estas palavras que me soam tão antiquadas, e este vazio que nunca experimentei antes,  não quero me perder mais uma vez, mas no momento em que penso já me perco e não dá mais para voltar. Vamos viver o nosso roteiro clichê. 

Ah, a ficção da  vida cheia de vícios.

sábado, 5 de novembro de 2011

Para Colorir

ah, joguei o jogo sem ver as cartas
ah, nao tenho mais tempo, o tempo é minha morada
eu durmo com ele e não me assusta
o tanto que é o tempo, o minimo ou o muito
eu quero a unidade
vai e volta, vai e volta, balança com o vento
porque quero a vida, eu quero o movimento

estou pronta, estou na realidade
sou eu, sou outra, sou várias, e a mesma se quiser que eu seja, serei
sou estranha, sou mudança, a inexplicavel variação
sou doida, sou casta, criança
eu sou o agora, a fantasia, um sonho intenso de verdade
perfume, vicios, determinação,
sou o constante e o belo desconhecido,
o tempo parado correndo é meu professor
e me gasta lentamente os sentidos,  
presto atenção e aprendo, com insistencia
a ser quem não sou sendo eu novamente
porque eu quero seu gosto bom e impreciso a se repetir

ah, eu sou e não sou tambem
o que quero, o que posso, o que não aguento
sou completa, destoante sou aquele
instante a mais do que você desejar, serei 
homem, mulher, bicho, coisas, pedra e joías
o exagero que não sabia ser, eu fui
atrás do Eldorado escondido em mim
porque eu quero ser Cobra Norato e te buscar
naquelas terras do Sem-fim

eu sou vaidades ainda não descobertas
um brinco encontrado outrora perdido
um corte ardente e profundo sem medo de sangrar
insônias, beijos demorados e muitos silêncios
sou um quadro branco para você desenhar
sou seu enfeite
colar, pulseiras, anéis
os brilhantes e a prata, 
e sou também contas baratas
porque eu quero o colorido
eu quero jogar sem ver as cartas
pouco me importa, eu adivinho

porque estou vivendo por dentro da vida
a vida que invento
e ela respira aqui dentro, estou vivendo
a vida que me inventou