quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Versos da Quarta-Feira de Cinzas

se eu fosse mesmo poeta, poeta de nascença, escreveria
na quarta feira de cinzas o poema do nosso carnaval
rimas simples de uma certa melancolia,
"tanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão..."

se eu fosse mesmo poeta, seria do tipo
doido
aquele que sabe mais do amor do que de si
e não é lá muito conhecedor de alegria

se eu fosse mesmo poeta, seria do tipo
confuso
que te procura - a te ver na multidão
em cada esquina no meio da folia

se eu fosse mesmo poeta
já teria feito versos de esperança infantil e perguntas
"quem é você, diga logo que eu quero saber o seu jogo
que eu quero morrer no seu bloco,que eu quero me arder no seu fogo"

mas eu queria ser sambista, sambista inspirado e sem dicionário
uma marchinha ingênua e atrevida eu te daria
para cantar com cadência
no meio do povo, do alcool, da roupa colada
como naquele ano
do teu braço na minha cintura
e a mistura do teu gosto no meu

mas eu, sambista não sou,
não sou do teu carnaval
eu que não sei fazer marchinha
sou uma tentativa de refrão
"hoje está fazendo um ano e foi no carnaval que passou
que te abracei e te beijei meu amor"
Agora chega.

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