quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Da Poesia

Da Poesia I

Uma explicação que provavelmente também se tornará meu próximo assunto...
Ah, manias...de sentir, mania de escrever, de tentar fazer poesia!!!!???
Sei lá como se chama o que tenho escrito nas últimas semanas: texto, prosa, lirismos.

E o Soneto?

Acesso de riso à mais leve menção desta palavra - que escrevo com letra maiúscula - sinônimo de auto flagelo. Minha vida é persegui-lo, pois muito tenho feito em busca do sabor de um soneto. Modo meu de viver a poesia e a vida com olhos de poeta, o que não faz da minha pessoa, absolutamente - ou minimamente – algo próximo a um poeta.

Poesia. Vício que me fere, nave interplanetária, afrodisíaco e remédio para todas as dores. Sofro deste problema: paixão e poesia, tudo ao mesmo tempo, e devo dizer - é incurável, estou pior a cada dia, abusada e sem medida. Não sei como fazer, mas faço, sem pretensões eu tento, um pouco de poesia.

Da Poesia II

Um dia falei para alguém muito intelectual que o problema com a poesia era que “todo mundo” em algum momento da vida - em geral vivendo uma grande dor, de um grande amor sofrendo - se arvorou em ser poeta. Fosse no diário da adolescência ou em cartas de amor ridículas - o sentimento do poeta que gostaríamos de ser vinha à tona para nos dar coragem de conquistar, para nos fazer inspirados e confiantes no poder de seduzir. Não fujo à responsabilidade de ter usado deste artifício e pasmem, que os anos dourados da primeira juventude há muito me deixaram, no entanto, continuo igual. Como disse e repito, viciei, agora já era, estou até o pescoço, e não quero que nada mude, quero escrever alguma coisa que preste, que valha uma passada de olhos, um pacote de amendoim, uma risada canastrona.

Quanto ao episódio do homemenzinho intelectual, que me foi apresentado pela surpreendente amiga Cris Braga, terei que revelar: era um escritor finalizando seu livro. O elemento trajava blazer azul-marinho, falava gravemente e, entre um pigarro e outro que usava como ponto e vírgula, conversamos sobre poesia. Estávamos no escurinho do Tablado e eu, em silêncio, a ouví-lo. O que exatamente conversamos não lembro, falava de política – era um expert – e para resumir, um chato, mas não por culpa da política.

Antes de começar - um lembrete: já disse por aqui que tenho uma marca de nascença, a timidez, esse jeitinho esquisito que provoca reações inesperadas em mim -e nos outros mais ainda. Digo isso porque minha timidez é do tipo reativa e ocorre que na compulsão de não sê-lo, na vontade desesperada de não cair no vácuo, sou capaz de respostas inapropriadas aos estímulos externos. Faço ironias que só a mim completam, só ao meu humor têm sentido. Embalada no álcool, ou a seco, trafego do extremo silêncio ao comentário aguado, da concordância mansa, ao discordar digno das bancas advocatícias. Sou caso a ser estudado. Tropeço nos tapetes das festas, cumprimento desconhecidos com intimidade e desvio os olhos de quem gostaria muitíssimo de encarar - em todos os sentidos. Sou caso perdido.

Voltando ao Sr. Intelecto Enjoado eu estava tranqüila e sem assunto quando o desavisado doutor sabe-tudo, veio com o papo: Poesia. Instigada a falar sobre o tema, minha paixão e minha timidez se misturaram de forma bombástica. Confidenciei a ele, com a voz já em sobressalto, que a poesia como gênero, na minha opinião, era um prazer destinado a poucos, pois poetas, poetas de verdade, podíamos contar nos dedos e me recusava a citar nomes dos famosos falsos poetas que andam por aí...
Cabe aqui ressaltar, que a antipatia pelo recém apresentado foi ingrediente decisivo para a total falta de tato.

- Amigo, disse eu, poetas são poucos, agora vou lhe dizer que existem uns palhaços, sem a menor noção, que se dizem poetas, esses camaradas deveriam ter vergonha, uma gente que não se enxerga. Eu não me permito dizer que faço poesia porque sei o que escrevo. Posso amar a poesia e até me sentir poeta, mas poesia mesmo, que valha a pena, tem uma grande diferença, uma longa distância. A pessoa tem que entender o quanto é difícil, difícil demais. É preciso muita cara de pau para dizer: faço poesia, coisa que não me atrevo!

O mais tenebroso silêncio tomou conta de nós, a peça começou e no intervalo ele foi embora, não sem antes me pedir que desse uma olhada, e uma opinião sincera, sobre as poesias dele, faltava pouco para a edição, apesar do livro ser sobre política.

E assim foi que nós nunca mais nos encontramos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho uma arrogância digna querer ser poeta. Em algum momento somos e devemos vestir a manta de ser poeta. Passar pela partitura da vida, em seus altos e baixos sem tentar se expressar de forma poética é não usufruir e até sofrer do que a vida nos proporciona. Acho, não tenho certeza, mas creio que ser poeta - prepotente- arrogante-sofrido-apaixonado é um estado de euforia e sentimentos vividos em qualquer idade. As primeiras palavras até último adeus fazem parte da brincadeira de "ser Camões" que sendo clichê ou não, é impossível não vivê-la.

Tô adorando os textos!

Beijos querida!

Anônimo disse...

hahahahahahahahahahaha...a história é engraçada e o texto bem escrito.Ficou melhor assim!!!!
beijos