segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Lembranças do Tema Livre Ficção a Seu Critério

Canção do Amor Criança
Um amor gentil e generoso criei
Sonhei enquanto dormia
Que em um lugar desconhecido
O gentil amor era clareira enorme
E na fechada selva alimentava a terra sombria
Gentil, o Amor, que nada sabe do desencanto
Crescia
E imaginando o belo, verdadeiro, simples
Soltei sem medo às feras da mata escura
Soltei, querendo quem me sorria,
Deixei-o a ouvir cânticos quiçá de outras vidas
Enquanto a sorrir também um anjo de suave doçura
Seduzia
O inocente amor que não sabia ser errante

Acordada fiquei no sereno
Sem atentar que o prematuro amor necessitava vigília
A duvidar que o mundo fosse mau e pequeno
Posto que não sabe ser, o Amor, nada além de gentil...
Volta, volta a dormir meu pequeno, vem...
Que não o quero triste
Volta a dormir criança, sossega,
Até que a Estrela da Manhã apareça...


The Garden
Vamos, meu amor, não esbanjemos o tempo
Ainda que seja doce e distraído o passar das horas
E nas horas que passam sem temor ao Acaso
Sejamos o Agora na distância do medo pousado
Deixa nos levar o Presente
Do Hoje façamos breve aliado
Para vivermos a lenta morte, o Amor
Esta glória que de tudo nos ausenta
E lembremos ser mil vezes mil maior a sorte
Se esta própria morte ao corpo contenta


Vamos, meu amor, não esbanjemos o tempo
Ainda que seja doce e distraído o passar das horas.
Pousa teus olhos em minha nuca, sopra rente ao meu rosto
Levar-te-ei sem demora ao lugar onde o amor floresce.
Um jardim secreto eu fiz. Cultivei. Descobri.
Lá repouso nas vezes em que penso em ti.
Tua cabeça de flores ornarei, as tuas vestes em algodão e linho teci
E óleos de amor a teus pés jogarei.

Soneto V
Deixa que eu sussurre em teus olhos
E que eu descanse em teus olhos
Meus lábios, meus ais, meu cansaço
Deixa que eu sussurre em teus olhos
E que neles eu pouse um modo de querer quase mudo
Deixa que eu sussurre em teus olhos
Uma possibilidade, um modo de olhar oblíquo
Deixa que eu sussurre em teus olhos
Um sonho, um modo de querer muito raro
Porque foi no silêncio do sonho, no silêncio que em mim fez precipício
Tudo de belo e meu te dei e acordei tão sozinho
Então, deixa que eu sussurre em teus olhos
Ouve, complacente o meu sonho, me salva
Não vê que são como espadas, os sonhos são delicadas navalhas
Este querer sem palavras que os olhos meus te falam?


Mais, muito mais
Uns gostam do álcool,
Um drinque, uma bebida, um trago
Eu falo de um vicio tristonho
De sonho, de sonho, de sonho
Uns gostam do jogo
Cartas, poquer e dados
Eu busco a atração que norteia
A vida passada num quadro


Uns sentem os dias na boca
No paladar desvairado,
Eu quero um rolo de sonho
Para comer aos pedaços
Há quem da vida esqueça
da noite fazendo o dia em ritmo acelerado
Outros sentem prazer no que brilha
Na chave de um cofre lacrado
Eu quero um pouco de sonho
Passando lento nos olhos
Eu quero um pouco de sonho
Na rispidez deste mundo


Eu quero um pouco de sonho
Num cheiro ancestral, primitivo
Em um ritual esquecido
De óleo escorrendo na nuca
Lavanda, alecrim, laranja
Um sonho eu quero muito
Descendo pela garganta

Um comentário:

cris braga disse...

Cris, não lembro desses textos no tema livre...mas são lindos!Como sempre, lindos! bjs