sábado, 13 de agosto de 2011

Fome

Certeza minha, convicção infinita, quero comer o tempo.
Quero a arte do mundo, quero que a vida me queime

Na inspiração ofegante, nos vinhos escuros e intensos
Nos sabores extremos

Quero tudo isso muito sem ordem de preferência
Surpresa doce e salgada, respiração parada
Sentir a vida como o vento, vento no corpo

Eu quero  a maravilha
Quente, frio, seco, rasgada
A vida no meu rosto irrestrita


A vida é o filho que fecundei com o tempo
Ela está resignada passando, passando como o vento
Mas com o tempo não tem amor, é sexo violento,
Carnal, brusco, sem sentimento
A vida é força primitiva criada pela vontade
Dentro de mim uma mola, eu reproduzindo, ela nascendo
Quero botar fogo na vida e depois nada mais terei a explicar


O tempo não é meu amigo, ele quer me comer
E eu, eu já resolvi que vou deixar
Porque vou comer o tempo com minha fome imensa
Vou deixar que ele venha, vou deixar que me tome 

Porque sei que no fim ele quer o meu bem
E o bem pode estar no que a gente não entende


A vida é mãe, o tempo é pai, eu sou o filho problemático
Meu pai me encoraja a comê-lo, me encoraja a corrompê-lo
Ele me diz que jamais será meu aliado mas não devo temer
Eles me ensinam a desejá-los com todas as forças,
Sem nenhuma moral, esta coisa de acorrentados


Vou fazer sexo com meu pai e a loucura engrandecerá minha mãe.
Eles me encorajam a seduzi-los
Eles me ordenam que seja deste modo

É uma necessidade da existência
Vou fazer amor com minha mãe com delicadeza e emoções sobrenaturais
Vou fazer sexo com meu pai e vou parir a vida
O mundo existe pelo incesto.

Vou fazer sexo com meu pai
Vou fazer amor com minha mãe
Qual o tamanho da liberdade?