terça-feira, 14 de agosto de 2007

S.O.S : Sociedade Ovípara Secreta

Os fundamentos desta sociedade, a qual teve início nos primórdios da civilização Ocidental, encontram-se no matriarcado, no culto ao amor e ao feminino. Vida, célula, núcleo, liberdade. Tudo isso faz parte de um conceito onde o ovo, símbolo absoluto, se destaca pela simplicidade e perfeição. Assim, a escolha desta sigla não foi aleatória, o nome se tornou um código entre os participantes, código este que pode ser identificado no nosso cotidiano, nas tarefas banais, em uma breve conversa na fila do banco.

A quem me lê – e percebe esta explicação pouco lúdica, qualquer coisa burguesa, quase enfadonha – posso garantir se tratar de uma filosofia maior, que nada tem de tacanha. O fato é que me faltam palavras - ainda estou engatinhando na arte de ser ovíparo, e ser ovíparo é não precisar de palavras. Sim, sou apenas uma iniciada e muito tenho a aprender. Qualquer pessoa pode participar deste grupo, independente de sexo, raça, religião, pois não se trata de feminino ou masculino, e não há grandes teorias a se explicar, é muito mais um modo de ser.

Começo, pouco a pouco - a experimentar – sentir a oviparidade. Ainda estou neste degrau. Quando penso no ovíparo que me tornarei, é claro me lembro das aves, do ovo, penso nas galinhas com aquela desenvoltura simplória, trabalhadeira, algo alienada, poedeira e histérica. Beleza despercebida. Então, a convicção nesta filosofia se torna maior, tendo em vista a comprovação que mesmo ali, no alvoroço do galinheiro, o mundo está completo e harmônico. Estou eu aqui, a divagar, mas feliz posso dizer que a divagação é um exercício extremamente ovíparo. O extremo é ovíparo! – e pode ser complexo compreender - já que a sutileza também é a uma jóia ovípara. Chegarei lá...

De uma ponta à outra, retomo o fio desta meada, no que diz respeito aos primórdios da SOS. Relata a história não oficial - baseada em transcrições secretíssimas de documentos raros – que na Grécia Antiga vários pensadores e filósofos eram membros desta sociedade. Um deles, em especial, foi Ovídio, o grande poeta, rebelde e apaixonado. A ele toda SOS rende homenagem, e entre os mais ortodoxos, é visto como um mártir.

Ovídio foi o mestre dos mestres, e não foi o acaso. Representou a linhagem da beleza, da humanidade, deu ao mundo o modo de ser ovíparo. Fez seguidores como Shakespeare e todos aqueles poetas que não fazem apenas literatura - saltam, vão além - vivem a métrica sem retalhos e, acima de tudo, a sonoridade, a música perfeita que faz a poesia que não está nos versos, guarda a poesia que está na vida.

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