Eu sou deste modo.
Eu faço gestos pela metade e imagino tudo por inteiro porque a ação me é dificil e contida, mas não por falta de coragem e crença na minha intima vontade de estar onde estou, na tua frente, no mais absoluto silêncio de que uma pessoa é capaz.
Eu sou deste modo.
Atrás da porta só me resta o silêncio e gestos pela metade. Eu faço gestos pela metade, deixo a porta entreaberta, para te ver livre ao esticar o braço e sair. Eu te quero livre. Te quero sem a imoral necessidade de explicação. Não há o que explicar, não há verbo que seja maior do que aquilo que te entrego, essa nudez de silêncio, a necessidade de te ter. Não há o que dizer: estou à tua espera, como quem reza, como quem medita, estou no mais absoluto impacto da tua presença.
Atrás da porta só me resta o silêncio e gestos pela metade porque a palavra me constrange, a palavra limita o momento, a palavra não me alcança - eu que estou pelo avesso. Deixa-me então com aquilo que me escavou, deixa-me em silêncio, com os gestos pela metade e que, subitamente, me tomaram por inteiro. Diante da vida me consumindo qual a palavra cabe no meu silêncio? Não quero palavras, quero lavas.
Eu sou deste modo.
2 comentários:
Oba!!! É tempo de produção...
Tô achando ótimo!
Coisa linda, menina. Continuas intensa. Bjos. solange.
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