quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Blues

Alguns minutos depois das onze horas da noite esfumaçada
Ilumina uma quadra da rua, a lâmpada amarela do poste quase tombado
Ilumina, na porta do bar os poucos carros parados
Enquanto a mínima estrela do céu escuro
A luz neon do letreiro em curto embaça
Alguns minutos depois das onze horas da noite no meu relógio arranhado 
Conto o tempo - do copo, da música igual e ininterrupta
Nos desenhos do Dry Martini e naquela solitária azeitona
Sentida na minha boca de batom vermelho pálido deixado
Na borda grossa do copo de vidro barato
A lembrança esquecida para o dia seguinte
Alguns minutos depois das onze horas da noite
Treze minutos passados no meu vestido estampado
Desbotada a flor é a flor – meio a meio - cabelo para o lado


Cai sobre a testa despenteado entre um gole e outro
Entre um gole e outro, entre um gole
E outro
O delicado gesto de consertar os cabelos e beber
O drink, o dia, a vida  - e a tolerância engolir muito dry
O dry, dry Martini, e esperar e sorrir e sentir ele chegar
No salgado, no ácido, no meu cruzar de pernas cansado
O palito jogado no cinzeiro prateado enquanto acendo o último cigarro imagino
O amanhã vinte e um minutos passados depois das onze horas da noite

Amanhã tudo bem,
Tudo bem,
We Would try again,
Maybe someone, maybe...
I'll try again

2 comentários:

Pedro Thomé disse...

ADOREI!

bjs

sensação de violeta disse...

eu visualizei toda a cena!dá pra trabalhar essa poesia cenicamente!
"I'll try again.."