segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sonho Simples de Inverno

eu quero um fim de semana sem ter nenhum pensamento
só você
eu quero um dia sem relógio, medindo o tempo a olhar para o longe
e para o ponto mais próximo que se pode alcançar entre você e eu
eu quero dias sem pressa, sem regras
comer quando a fome vier e esperar o anoitecer sem acender as luzes
ouvindo música sem hora para dormir, e então
pegar na sua mão, displicente 
a sentir a vida na delicada impermanência do momento

eu quero um fim de semana sem ter nenhum pensamento
só você
sem hora para acordar, 
sem despertador e devagar
café muito quento, queijo, pão preto, suco de manga,
geleia com raspas de laranja
o amanhecer frio, o inverno, os barulhos no jardim
o sol da manhã entrando pela janela e voltar a dormir
a sandalia havaina e meias de lã e sua mão
por dentro da minha hering branca

eu quero um fim de semana sem ter nenhum pensamento
só você
vamos almoçar às cinco horas da tarde, sem pressa de viver
porque a vida aqui é só um sonho onde a gente vai fazendo tudo, 
de acordo com a vontade
vamos jogar baralho e eu te ensino a jogar gamão - não vou prestar atenção
e deixar você ganhar, enquanto tomo caipirinha de cachaça com morango e carambola
a rir da minha distração que não tira os olhos de você

eu quero um fim de semana sem ter nenhum pensamento
só você
porque a noite é longa e pouca para o que eu sinto
a lua no céu dando um espetáculo que a gente assiste 
sem ter o que dizer, sem obrigação com as palavras, sem assuntos na pauta
vamos aproveitar em silêncio
o delicioso silencio do breve momento de ser feliz
o aqui e o agora que se inventa, que nao cabe em mim e não cabe em você 

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