sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Caramelo

Ela pintou os olhos, como se fosse o último dia
O negro dos olhos, caramelo da cor do deserto
Ela se preparou para conhecer o mundo e saiu,
Saiu para o dia solar, azul, amarelo, vermelho, coral
E suspirou o vento quente
Que não desmanchou o cabelo envolvido no icharb negro

A túnica, o algodão egípcio, o mistério
E quase um sorriso para inventar um destino
Que ela mesma trançou nas sandalias ao caminhar sem rumo
Enquanto os mascates, as outras mulheres, a vida, o tempo
Todos pararam para ver aqueles olhos pintados 
De fumaça, sombra, cílios esparramados
 
O brilho escuro da berinjela
O prato de lentilhas fumegantes,
A folha da uva, 
O sol estridente 
E na boca o gosto do Anis 
                        quando ela saiu para conhecer o mundo

O vento quente soprou 
                        e não havia mais medo algum
Nos olhos úmidos que ela pintou
Negros, castanho caramelo da cor do deserto,
De fumaça, sombra, cílios esparramados
A se proteger somente com sua capa, seu icharb bordado
Quando tudo em volta era silêncio, silêncio dentro do quarto

3 comentários:

Marina disse...

ah a folha da uva...

Marina disse...

até que enfim consegui! nao uso mais o meu pseudomino hahahaaha

Cris disse...

a folha da uva tem poderes!